O ano era 1996. O evento: celebração dos 65 anos de ordenação de Dom Helder Camara. A vinda de Abbé Pierre para participar das homenagens ao amigo, tinha também um outro motivo que mudou, de maneira significativa, a vida de muitas pessoas em Recife: o nascimento da organização sem fins lucrativos TRAPEIROS DE EMAÚS.
O Movimento Emaús surgiu após 2ª Guerra Mundial, em 1949, na França que, ao lado dos demais países europeus, sofria com o Pós-guerra, havendo, entre outros graves problemas, um sério problema habitacional. Os trabalhadores moravam nas ruas, e sofriam com as baixas temperaturas do inverno. Foi em meio desta realidade que um jovem padre decidiu lutar em nome dos mais sofridos. A princípio, este jovem padre conhecido como Abbé Pierre, obteve um cargo político de deputado e com o seu salário mantinha um casarão onde abrigava várias famílias.
Entretanto com o final do seu mandato não havia mais condições financeiras de manter o casarão. Em meio a possibilidade de ter que fechar o casarão, um dos moradores teve um ideia que beneficiou a todos que ali moravam e a muitos outros mais: gerar renda com o trabalho de coleta, classificação e venda de materiais recicláveis. A ideia reuniu pessoas de classes sociais e formações diferentes e fez surgir o Movimento Emaús, atualmente o movimento Emaús Internacional, atuando em mais de 36 países ao redor do mundo, através de 313 comunidades.
NO RECIFE
A Associação dos Trapeiros de Emaús Recife tem como objetivo principal oferecer às pessoas necessitadas da Região Metropolitana da capital a oportunidade de conseguir sua dignidade através de um trabalho de coleta, recuperação e venda de objetos usados e reciclagem de resíduos sólidos (com a filosofia de servir aos que mais sofrem).
A associação nasceu no dia 16 de agosto de 1996 com o incentivo e apoio do Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Helder Camara e do Sr. Luigi Tenderini, italiano, que trabalhou por muitos anos ao lado de Dom Helder na comissão de Justiça e Paz.
Atualmente Emaús acolhe 26 pessoas. As principais atividades da Entidade são: Coleta, recuperação e venda de objetos usados e materiais recicláveis. Os objetos usados que recebem em doação são recuperados nas oficinas de: marcenaria, eletroeletrônico, refrigeração e manutenção de computadores.
Os objetos recuperados (eletrodomésticos, roupas, sapatos, móveis, livros, computadores, etc.) são vendidos a preços baixíssimos em bazares populares, no galpão e nos bairros da periferia (associações de moradores, clube de mães), na UFPE-CFCH, etc.
ATIVIDADES
– Coleta e reciclagem de resíduos sólidos: Materiais recicláveis como: Papéis, plásticos e metais. São separados segundo a sua classificação, condicionados e vendidos à indústria de reciclagem. – Cursos profissionalizantes: Utilizando a estrutura das oficinas, montamos ao longo dos anos cursos profissionalizantes gratuitos para os jovens dos bairros adjacentes. Atualmente, são oferecidos cursos de eletricidade civil e industrial, mecânica em refrigeração, montagem e manutenção de computadores e eletrônica industrial. – Desde novembro de 2003, em parceria com a Prefeitura do Recife e Consulado Italiano, foi comprada, reformada e devidamente equipada uma casa, com o propósito de oferecer a comunidade um posto médico-odontológico. A Prefeitura da Cidade do Recife disponibilizou os profissionais de saúde. – Em parceria com uma instituição italiana IPSIA e o Ministério do Exterior da Itália, construímos uma Escola Profissionalizante, (ESCOLA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL LUÍS TENDERINI).
Todo o trabalho realizado pela Associação dos Trapeiros de Emaús Recife é inspirado em alguns princípios que norteiam o seu dia a dia:
ACOLHIDA, TRABALHO, PARTILHA e SERVIÇO.
Toda atividade realizada em Emaús visa prestar um serviço à comunidade mais carente. Este é o sentido dos bazares, que beneficiam as famílias de baixa renda, e dos cursos profissionalizantes, que profissionalizam jovens. Os membros da Associação que trabalham diariamente na Comunidade recebem alimentação (almoço) vale-transporte e remédios e, a cada duas semanas são realizadas partilha dos recursos produzidos com o trabalho coletivo. Ainda há a Comunidade de Vida, local onde residem alguns dos trapeiros.
E os Trapeiros de Emaús não poderiam escolher outro local para celebrar os seus 20 anos de fundação que não fosse a Igreja das Fronteiras, onde viveu, por três décadas, aquele que tanto incentivo deu à Associação.
Celebrada uma vez por mês pelos membros do grupo Encontro da Partilha, a Celebração da Partilha e a Ação de Graças pelos 20 anos do Trapeiros de Emaús foi celebrada pelo monge beneditino Marcelo Barros e contou com a presença de vários membros dos Trapeiros de Emaús, do grupo Encontro da Patilha e da diretoria do IDHeC.
Luis Tenderini, fundador da Associação em Recife, falou um pouco, para uma igreja lotada, sobre a história e atividades dos Trapeiros de Emaús.
Foi uma bela celebração, com belos cantos, animados por Isaura, Ramos, Aldenize e Janaína e muita alegria. Dom Helder, com certeza, ficaria feliz em ver que a Associação que apoiou e incentivou, continua firme, cumprindo a sua missão e não esquecendo de ir à Casa do Pai para agradecer.
Associação dos Trapeiros de Emaús Recife
Site: www.emausrecife.org
Blog da Escola: www.escolaemausrecifepe.blogspot.com
Tel.: 55 81 3451 – 2247
Tel & Fax.: 55 81 3451 – 5604
Cel.: 55 81 98797 – 5604
GALERIA DE FOTOS DA CELEBRAÇÃO