ATUALIDADES: GRUPO DE PEREGRINAS E PEREGRINOS DO NORDESTE – GPPN COMEMORA 30 ANOS

O GPPN – Grupo de Peregrinas e Peregrinos do Nordeste –  nasceu no século passado, no ano de 1986.  É composto por homens, mulheres, crianças, jovens, adultos e pessoas idosa, de várias partes do Nordeste. Ele se insere no mundo, carregando a consciência que uma espiritualidade madura pressupõe assumir o mundo. No seu estatuto diz que vive uma espiritualidade ecumênica, onde participam pessoas que tenham tendência religiosa ou não. Caracteriza-se pela relação com as pessoas e com os desafios do mundo contemporâneo. 

A primeira peregrinação do grupo foi de Pernambuco ao Ceará e o tema foi: “Terra de Deus, Terra de Irmãos”.  
No início eram 7 peregrinas e peregrinos. Hoje conta com mais de 30 membros de todas as idades. Os participantes são de atividades diversas. Entre as categorias profissionais podemos elencar: trabalhador rural, operário, borracheiro, funcionário público, assistentes sociais, educadoras e educadores de diversos níveis. Alguns são desempregados.   
Tem como carisma caminhar segundo o chamado de Jesus de Nazaré: “E enviou-os a pregar o Reino de Deus, e a curar os enfermos. E disse-lhes: Nada leveis convosco para o caminho, nem bastão, nem sacola, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas“ (Lucas 9:2-3). Deste modo, andam sempre a pé, não utilizam e nem recebem dinheiro e não carregam comida. Toda sua manutenção, durante o período da peregrinação, resulta da partilha que as comunidades fazem. Alimentam-se do que lhes é ofertado, partilhando com a comunidade. Suscitam, assim, a comunhão e a confiança nos lugares por onde passam.
O Grupo observa dois momentos muito importantes durante o ano. O primeiro é um encontro anual que acontece na Serra da Catita, em Alagoas, no município de Colônia Leopoldina. Precisamente na Comunidade do Discípulo Amado. No Sítio Catita, antes das festividades de carnaval, o grupo se encontra durante alguns dias para avaliar a peregrinação que passou e decidir a próxima que acontece sempre no mês de julho.

Há um rico registro no formato de Diários das Peregrinações.  Nessas três décadas de peregrinações contemplaram os nove Estados do Nordeste, marcando presença, sobretudo em lugares significativos da vida do povo. Entre eles podemos citar: Canudos – BA (Beato Antônio Conselheiro), Santa Brígida – BA (Beato Pedro Batista), Juazeiro do Norte – CE (Fenômeno das romarias – Pe. Cícero), Caldeirão – Crato – CE (Beato Zé Lourenço),  Região das Quebradeiras de coco – MA (Luta das mulheres), Serra da Capivara – PI (Sítios arqueológicos antigos), Serra da Barriga – AL (Zumbi dos Palmares), Poço Redondo – SE (Fenômeno do Cangaço), Zona da Mata – PE (Mapa da Fome na Região), Sapé – PB (Memória das Ligas Camponesas – Pedro Teixeira), Cunhaú e Uruaçu – RN (Memória dos Mártires Riograndenses), entre tantos outros lugares significativos de lutas populares.

A vivência de uma espiritualidade madura possibilita uma forte afirmação da identidade. A peregrinação possibilita a vivência da espiritualidade encarnada na vida concreta do dia-a-dia. Na peregrinação não existe nada que não possa ser aproveitado para preparar o peregrino e peregrina para uma vida espiritualizada. Os envolvidos na peregrinação fatalmente são impelidos a falar o que pensam e fazer o que falam. Como são, ao mesmo tempo, subjetividade e objetividade, devem ver e analisar a partir da dimensão integral. A própria transcendência deve ser entendida a partir da imanência.

Em uma peregrinação, na cidade de Cruz do Espírito Santo – PB, o GPPN relata que encontrou uma comunidade rural (Várzea da Paraíba), onde fez um trabalho de formação humana, subdividido em grupos temáticos: Produção e reflorestamento, mulheres e crianças, cuidado com a água, saúde e plantas medicinais, política e cultura, educação ambiental. Para cada temática foram escolhidos dois peregrinos para acompanhar. O Diário da Peregrinação relata que nessa ocasião apareceu um educador chamado Alder Júlio Calado juntamente com Helena Calado sua esposa.

No final de um dia de caminhada há um momento para partilhar o que se escutou, viu e viveu. Essa partilha é feita no interior do grupo. Aí acontece um grande momento de aprendizado, de formação. Momento de “beber no próprio poço”. Nesse sentido a experiência vivida no caminho faz com que haja uma inteireza do ser. Aqui o praticante do caminho toma consciência que o melhor meio de ser feliz é por meio da dedicação de sua vida ao benefício dos outros e do mundo.

E, para comemorar os 30 de anos de peregrinação o GPPN escolheu o local onde, por tantos anos, Dom Helder celebrou e inspirou àqueles e àquelas que fazem de sua vida uma caminhada rumo a construção de um mundo melhor para todos os filhos e filhas de Deus.

A Ação de Graças será celebrada pelo monge beneditino Marcelo Barros, no próximo domingo, 10 de julho, às 11h da manhã, na Igreja das Fronteiras. Todos  estão convidados a dar graças por esse grupo que, em suas peregrinações, vivenciam a experiência dos evangelhos, partilhando e semeando, por onde passam, a Boa Nova.

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