No dia 07 de fevereiro de 1909 nascia aquele que renovou o conceito de ser padre e bispo, optando por seguir o caminho da simplicidade e da humildade, cuidando de suas ovelhas como um verdadeiro bom pastor.
A comemoração do nascimento dos 107 anos do profeta de nossos dias, o Dom da Paz e da Vida, entretanto, não aconteceu no dia 07, como em todos os anos. Precisou ser adiada devido à obra de restauro pela qual passou a igreja das Fronteiras.
E como valeu a pena esperar mais uns dias para celebrar o nascimento do Dom! Ao reabrir as suas portas, a igreja das Fronteiras acolheu a todos que iam chegando com sua beleza renovada e realçada pelo altar revitalizado e pelas imagens dos santos, que passaram pro um processo especial de limpeza.
Pouco a pouco as pessoas foram chegando, a igreja foi enchendo, ficando lotada por mais de 200 pessoas, que estavam ali, unidas por um só objetivo: celebrar a vida de Dom Helder.
O evento foi aberto por Elizabeth Barbosa, membro do Conselho Curador, que saudou a todos e fez a apresentação do historiador e professor Severino Vicente da Silva, ou, Biu Vicente, como é conhecido desde sempre, convidado a fazer uma reflexão sobre “ALGUNS CAMINHOS ECUMÊNICOS DE DOM HELDER”.
Biu Vicente tem formação em Teologia (ITER) e História (UFPE), com mestrado e doutorado em História do Brasil na Universidade Federal de Pernambuco.
Com mais de duas décadas como professor no ensino médio, foi Diretor de Projetos Especiais da Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal do Recife, Diretor da Fundação Educar – PMR, professor no Instituto de Teologia do Recife -ITER – onde também exerceu a função de coordenador de ensino e vice-diretor; vice-diretor da Faculdade de Filosofia do Recife e, atualmente, é professor adjunto do Departamento de História da UFPE. Foi um dos fundadores do CENDEHC; membro da Comissão de Estudos de História da Igreja da América Latina – CEHILA e do Instituto Histórico de Olinda.
É autor dos livros Zumbi dos Palmares, A Igreja e a Questão Agrária no Nordeste, A Igreja e o Controle Social nos Sertões Nordestinos (Edições paulinas), Festa de Caboclo, (Editora Associação REVIVA). Entre o Tibre e o Capibaribe: os limites da igreja progressista na arquidiocese de Olinda e Recife (Editora da UFPE – REVIVA).
Em sua reflexão fez uma retrospectiva histórica da trajetória da Igreja através dos séculos, permeando com a história do próprio Dom, a partir do início do século XX, falando, por exemplo, que a busca e construção da unidade ecumênica no âmbito da própria Igreja extrapolavam o pensamento e os planos de Dom Hélder para além do imediato e local, na medida em que ele estava sempre voltado para o mundo.
Biu Vicente encerrou sua reflexão dizendo: “Todas as experiências humanas são carregadas de valores e elas foram foco de interesse e reflexão do bispo ecumênico, um ecumenismo para além do diálogo com as religiões, um ecumenismo com religiosos e com não religiosos. Ele compreendeu que a obra de Deus é mais ampla que a maior das catedrais, pois a grande catedral é a nossa Casa Comum.”
Após a reflexão teve início a celebração da Santa Missa, presidida por Pe. José Augusto Esteves, que fez a homilia e é o capelão da Igreja das Fronteiras e pároco da Matriz de São José, sendo concelebrada por Mons. Edwaldo Gomes, pároco da matriz de Casa forte e por Pe. Geraldo Freire Soares, redentorista da Igreja do Perpétuo Socorro, Madalena.
Os representantes da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Dom Sebastião Armando e o Reverendo Félix Batista Filho foram convidados a sentar no altar, ao lado de Assuero Gomes e Harlan Gadelha.
O canto da missa foi animado por Ramos, ao violão e por Silvete, Francisca, Teresinha, Aldenize e Janaína, que fazem parte do grupo Encontro da Partilha.
Durante a celebração, integrantes do Comitê Ação da Cidadania Pernambuco Solidário colocaram, aos pés do altar, as cestas básicas que a instituição preparou para doação a famílias carentes.
Ao final da celebração Lucinha Moreira, membro do Conselho Curador, fez um emocionado agradecimento a todos que tornaram possível a realização da obra de restauro da igreja das Fronteiras, como o Sr. Carlos Trevi, Diretor Cultural do Santander, Patrocinador da Obra de Restauro, Raul Henry – vice- Governador de Pernambuco e que esteve presente à celebração; Sr.Luiz Evaldo, Arquiteto Márcio Campos D’Oliveira, responsável pela Obra de Restauro, Equipe do IDH – Instituto para o Desenvolvimento Humano, que executou os trabalhos na igreja e aos funcionários do IDHeC, salientando a participação de Davi, ausente por motivos de saúde. Agradeceu a todos pelo empenho, dedicação e carinho durante a execução dos serviços, para que a Igreja reabrisse suas portas o mais rápido possível e suas atividades pudessem ser retomadas.
Anselmo Monteiro, coordenador do comitê Ação da Cidadania Pernambuco Solidário, instituição que atende a cerca de 200 crianças e é um exemplo de atenção solidária, trouxe um coral formado por 12 crianças, filhas de ex-catadores do antigo Lixão da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, que se apresentou cantando duas músicas, encerrando o evento. E, trouxe também os bonecos que representam Dom Helder, Betinho, fundador da Ação da Cidadania e Maurício Andrade, que substituiu Betinho à frente da Ação da Cidadania nacional por dez anos.
Entre os que vieram prestar sua homenagem a Dom Helder, registramos uma presença muito especial: o Sr. Iremar Negromonte que foi coroinha quando Dom Helder era padre no Rio de Janeiro, na década de 60. Ele sempre ouviu falar da igreja das Fronteiras e quis conhecer o local onde viveu Dom Helder aqui no Recife.
Registramos ainda outras presenças: Alexandre Pacheco – Coordenador do Programa Direito a Cidade do Cendhec e Coordenador Administrativo do Cendhec; Marcelo Santa Cruz, vereador da cidade de Olinda; Leda Alves, secretária de Cultura da cidade do Recife; Dr. Cyro de Andrade Lima, médico que cuidou de Dom Helder até a sua partida para a casa do Pai; Nadja Brainer, Comissão da Verdade e os membros do Conselho Curador do IDHeC: Severino Pessoa – Biu da Cultura, Marieta Borges e Zildo Caldas.
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