O coração generoso e a vontade de ajudar de alguma maneira todos que o procuravam, logo fariam da padre Helder o alvo dos mais pobres que batiam com frequência à sua porta. Não faltavam pedidos de toda espécie: uma ajuda para arrumar um emprego, um auxílio para voltar para o Nordeste e até compra de uma casa. Na época, sem condições financeiras, fazia o que podia. Até mesmo apelar para a sorte, ou por um milagre. Como queiram!
Certo dia foi procurado por um senhor, aparentando 40 anos, que desesperado, sem emprego e endividado, desejava qualquer tipo de ajuda. Ficou comovido com a história daquele pobre homem. Percebeu muita tristeza no seu olhar. O homem estava abatido, envergonhado mesmo.
Os tempos não eram fáceis para um jovem padre sem dinheiro. Desde que chegou ao Rio de Janeiro, vindo de Fortaleza, vivia de um pequeno salário do Ministério da educação, onde trabalhava. Tinha despesas com manutenção da sua própria casa, onde morava com o pai e os irmãos, no bairro do Botafogo. Eram oito pessoas num pequeno sobrado.
Como a situação financeira não o ajudava muito, ficou visivelmente incomodado por deixar o homem sair de mãos abanando. Era desesperador quando não conseguia atender uma pessoa que batia à sua porta em busca de auxílio. Tinha que arrumar um jeito de ajudá-lo! De outras vezes apelava para amigos, sempre conseguindo algum tipo de doação. Mas, agora, nada lhe vinha à mente.
Lembrou-se, então, que uma determinada marca de cigarro estava dando prêmios. Quem comprasse um maço poderia achar um vale-brinde. Resolveu apelar para a sorte! Apesar de nunca ter fumado, foram juntos a uma mercearia próxima comprar um maço de cigarros. Era tudo que podia fazer naquele momento. Quem sabe, pensou, Deus ajudaria.
No maço comprado encontrou o tal vale-brinde. Era um bom prêmio em dinheiro. Não resolveu totalmente o problema, mas, por um bom tempo, aliviou a situação financeira daquele pobre homem.
Fonte: Livro ALÉM DAS IDEIAS, do jornalista Félix Filho