UM OLHAR SOBRE A CIDADE – DIA DE FINADOS

5ª FEIRA 02/11/1978


Meus queridos Amigos
         Dia dos Finados! Dia dos nossos Mortos!

         Donde vem o horror que temos à Morte? A nossa fé não nos diz que, em nós, há o nosso espírito, a nossa alma, que não morre, não pode morrer, é imortal?

         A nossa fé não nos diz que o nosso próprio corpo ressuscitará? Por que, mesmo assim, Ninguém se acostuma com a Morte? É que Deus nos enviou para a Vida!

         Precisamos alimentar, o mais possível em nós, que a vitória da Morte é aparente… Ela canta vitória quando derruba, um a um, todos os viventes. E a Família, e os Amigos, os Conhecidos ficam horas em torno de um caixão em que jaz um Corpo sem vida. Já não vê, não ouve, não sente, não fala. Em nosso clima quente, em menos de 24 horas começa a cheirar mal.

         Como duvidar de que a Morte venceu? Em breve é preciso fechar o caixão, levá-lo ao cemitério, enterrá-lo a 7 palmos de profundidade…

         Para estes momentos difíceis, terríveis, tremendos, deveríamos estar preparados. Deveríamos estimular a nossa fé e cantar, com a Liturgia: – Morte, tua vitória é enganos! Não atingiste a Alma do nosso Morto querido. Em rigor nem deveríamos chamá-lo de morto. Está mais vivo do que nunca, junto ao Pai Celeste!

         E mesmo este corpo inerte e que vai viver pó, debaixo da terra, não o venceste para sempre. No momento, tu o feriste, tu o prostraste. Mas ele virá de ti, no último dia, quando soar a hora da grande ressurreição.

         Graças a deus, já há Missas lindas para celebrar a participação dos nossos Entes queridos para a Eternidade. Há cânticos de fé, de esperança e de amor!

         Crer, nós cremos! Mas precisamos avivar a nossa fé! Esperar, nós esperamos! Mas precisamos avivar nossa esperança!

         E a grande garantia da nossa Ressurreição é a Ressurreição de Cristo. Ele anunciou que seria torturado e morto. Mas anunciou que, ao 3º dia, haveria de ressuscitar!

         E ele nos deus a própria ressurreição como garantia de nossa ressurreição.

         Vamos ao Cemitério. Mas que ao passar entre os túmulos, lembremo-nos de que ali repousam as cinzas dos nossos Mortos queridos. Dos nossos Mortos que estão mais vivos do que nós, junto ao Pai.

         E um dia aquelas próprias cinzas serão de novo animadas pelo sopro de Deus.

         Cantemos, baixinho, mas cantemos, sobretudo no Cemitério:
                   Morte, tua vitória é uma enorme ilusão!
                   Morte, onde está tua vitória?…

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