“PACTO DAS CATACUMBAS DA IGREJA SERVA E POBRE”

Este é o título de um dos documentos mais importantes da história da Igreja Católica, assinado por 39 bispos na Catacumba de Santa Domitila, em Roma, ao término do Concílio Vaticano II, em 1965.
Dom Helder não foi apenas um dos signatários, como atuou incansavelmente na elaboração do Pacto e viveu fielmente seus princípios na Arquidiocese de Olinda e Recife.
Para celebrar os 50 anos do Pacto, ainda desconhecido de muitos, mas incorporados pelo Papa Francisco nos nossos dias, o IDHeC quer celebrar com todos o ideal de um modelo de Igreja sonhado e vivido pelo Dom, nosso profeta.


Cubiculum de Leon de la Catacumba de Domitila

PACTO
Nós, Bispos, reunidos no ConcílioVaticano II, esclarecidossobre as deficiênciasde nossa vidade pobreza segundoo Evangelho; incentivados uns pelos outros, numa iniciativa emque cadaum de nósquereria evitar a singularidade e a presunção; unidos a todosos nossos Irmãosno Episcopado; contando sobretudocom a graçae a força de NossoSenhor Jesus Cristo, com a oraçãodos fiéis e dos sacerdotes de nossas respectivas dioceses; colocando-nos, pelo pensamento e pela oração, diante da Trindade, diante da Igrejade Cristo e diantedos sacerdotes e dos fiéis de nossas dioceses, na humildadee na consciência de nossafraqueza, mastambém comtoda a determinaçãoe toda a forçade que Deusnos querdar a graça, comprometemo-nos ao que se segue:
1) Procuraremos viversegundo o modoordinário da nossapopulação, no queconcerne à habitação, à alimentação, aos meiosde locomoção e a tudoque daí se segue. Cf. Mt 5,3; 6,33s; 8,20.
2) Para sempre renunciamos à aparênciae à realidade da riqueza, especialmente no traje(fazendas ricas, coresberrantes), nas insígniasde matéria preciosa(devem esses signosser, com efeito, evangélicos). Cf. Mc 6,9; Mt 10,9s; At 3,6. Nem ouro nem prata.

3) Nãopossuiremos nem imóveis, nem móveis, nem conta em banco, etc., em nossopróprio nome; e, se for preciso possuir, poremos tudo no nomeda diocese, oudas obras sociaisou caritativas. Cf. Mt 6,19-21; Lc 12,33s.

4) Cadavez quefor possível, confiaremos a gestão financeirae material emnossa diocesea uma comissão de leigoscompetentes e cônsciosdo seu papelapostólico, em miraa sermos menos administradoresdo que pastorese apóstolos. Cf. Mt 10,8; At. 6,1-7.

5) Recusamos serchamados, oralmente oupor escrito, com nomese títulos quesignifiquem a grandeza e o poder (Eminência, Excelência, Monsenhor…). Preferimos ser chamados como nome evangélicode Padre. Cf. Mt 20,25-28; 23,6-11; Jo 13,12-15.

6) No nossocomportamento, nas nossas relações sociais, evitaremos aquilo quepode parecer conferir privilégios, prioridadesou mesmouma preferência qualqueraos ricos e aos poderosos(ex.: banquetes oferecidos ou aceitos, classesnos serviçosreligiosos). Cf. Lc 13,12-14; 1Cor 9,14-19.

Catacumba

7) Do mesmomodo, evitaremos incentivarou lisonjeara vaidade de quemquer queseja, com vistasa recompensar oua solicitar dádivas, ou porqualquer outrarazão. Convidaremos nossosfiéis a considerarem as suas dádivas comouma participação normal no culto, no apostoladoe na ação social. Cf. Mt 6,2-4; Lc 15,9-13; 2Cor 12,4.

8) Daremos tudoo que for necessáriode nosso tempo, reflexão, coração, meios, etc., ao serviçoapostólico e pastoral das pessoas e dos gruposlaboriosos e economicamente fracos e subdesenvolvidos, sem queisso prejudique as outras pessoas e gruposda diocese. Ampararemos os leigos, religiosos, diáconosou sacerdotesque o Senhor chama a evangelizarem os pobrese os operários compartilhando a vida operária e o trabalho. Cf. Lc 4,18s; Mc 6,4; Mt 11,4s; At 18,3s; 20,33-35; 1Cor 4,12 e 9,1-27.

9) Cônsciosdas exigências da justiçae da caridade, e das suas relaçõesmútuas, procuraremos transformar as obras de \”beneficência\” em obrassociais baseadas na caridadee na justiça, quelevam em contatodos e todas as exigências, como umhumilde serviçodos organismos públicoscompetentes. Cf. Mt 25,31-46; Lc 13,12-14 e 33s.

10) Poremos tudoem obrapara que os responsáveis pelo nosso governo e pelos nossosserviços públicosdecidam e ponham em práticaas leis, as estruturase as instituições sociaisnecessárias à justiça, à igualdade e ao desenvolvimentoharmônico e total do homem todo em todos os homens, e, por aí, ao adventode uma outra ordemsocial, nova, digna dos filhosdo homem e dos filhosde Deus. Cf. At. 2,44s; 4,32-35; 5,4; 2Cor 8 e 9 inteiros; 1Tim 5, 16.
11) Achando a colegialidade dos bispos sua realização a maisevangélica na assunçãodo encargo comumdas massas humanas emestado de misériafísica, cultural e moral- dois terçosda humanidade – comprometemo-nos:
a participarmos, conformenossos meios, dos investimentos urgentesdos episcopados das naçõespobres;

a requerermos juntosao plano dos organismosinternacionais, mastestemunhando o Evangelho, como o fez o PapaPaulo VI na ONU, a adoção de estruturaseconômicas e culturais que não maisfabriquem nações proletárias num mundo cada vez mais rico, mas sim permitam às massaspobres saírem de suamiséria.

12) Comprometemo-nos a partilhar, na caridade pastoral, nossa vidacom nossosirmãos emCristo, sacerdotes, religiosos e leigos, para que nosso ministérioconstitua um verdadeiroserviço; assim:
esforçar-nos-emos para\”revisar nossavida\” comeles;
suscitaremos colaboradores para serem mais uns animadores segundoo espírito, do queuns chefes segundoo mundo;
procuraremos sero mais humanamentepresentes, acolhedores…;
mostrar-nos-emos abertosa todos, seja qualfor a sua religião. Cf. Mc 8,34s; At 6,1-7; 1Tim 3,8-10.

13) Tornadosàs nossas dioceses respectivas, daremos a conhecer aos nossosdiocesanos a nossaresolução, rogando-lhes ajudar-nos por sua compreensão, seuconcurso e suaspreces.

AJUDE-NOS DEUSA SERMOS FIÉIS.

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