\”Meus queridos amigos, o velho jardineiro olhou espantado quando lhe disse: trago-te, velho jardineiro, sementes queridíssimas. Vela, para que germinem, floresçam, cresçam. Já lhe daste com sementes de confiança? Sabes como plantar e regar sementes de amor? Sabes como proteger e propagar sementes de alegria? Quanta desconfiança no mundo! Quanta prevenção! Quanta gente que não acredita em nada, nem em ninguém.
É tão importante semear confiança. E que dizer do amor? Há pessimistas que acham que o amor sumiu. O grande e belo amor. Há pessimistas que acham que hoje quando se fala de amor é simulacro de amor. É amor sem raízes, incapaz de resistir à menor tempestade. Para o grande e belo amor, não basta plantar sementes escolhidas.
É indispensável cuidar do amor, regá-lo como se rega uma planta queridíssima. Jardineiro, jardineiro, mesmo plantando sementes de confiança e de amor, ficam faltando sementes de alegria. Pergunta-me o que quiseres, velho jardineiro. Lido com sementes de alegria, de amor e de confiança desde os meus tempos de menino. Se há pragas que as ataquem, se há meio de protegê-las, se há insetos que as devorem, para as minhas sementes prediletas de confiança, de amor e de alegria, o grande perigo é o egoísmo. Quem só confia em si, como pode confiar nos outros? Quem se ama sem limites, não tem lugar nenhum para amar ninguém.
O egoísta se engana quando pensa que ama alguém de modo infinito. Quem ama demais acaba amando a si mesmo, querendo dominar, absorver, controlar a pobre pessoa, aparentemente amada. Na medida em que o egoísmo cresce, some a verdadeira alegria. O egoísmo que era a própria alegria imposta aos demais, sem o mais leve respeito para com o estado de espírito de cada um. Velho e querido jardineiro, capricha no plantio das queridas sementes, de confiança verdadeira, do grande e belo amor, da alegria autêntica, que nem o tentador logra atingir.\”