Como a Lua nos lembra o que se passa conosco!
Não há quem não tenha seus dias de Lua cheia! Tudo correndo bem, saúde boa, família em paz, todos se entendendo e se amando. Se não há dinheiro sobrando, não há dinheiro faltando….
Também não há quem não tenha seus dias de Lua minguante… A saúde meio emperrada; incompreensões e aborrecimentos em casa, no trabalho, entre amigos; desilusões; cansaço de viver…
Mas volta a Lua crescente… Volta, em teima providencial, a esperança. Tudo continua, mais ou menos, na mesma. Talvez até pior. Mas por dentro, há mais coragem, mais força!…
E o que nos vale é que variam, de pessoa a pessoa, os dias de fossa, os dias de esperança, os dias de alegria plena…
Por que, então não temos paciência uns com os outros, e não nos ajudamos mutuamente?
Mas, em geral, quem anda em Lua minguante, tem até raiva de quem anda em Lua cheia.
Parece que a felicidade de nosso irmão nos agride, nos insulta. Parece um roubo.
Acontece, também que quem anda em Lua cheia, em geral, não tem olhos, nem tempo, nem paciência para ficar ouvindo lamúrias da Lua minguante…
Ah! se conseguíssemos o ideal de manter, permanentemente, em nós, o espírito da Lua crescente, o espírito da esperança!
Há quem em plena fase de Lua cheia, ande triste. Há pessoas que, em lugar de aproveitar a felicidade que têm na mão, tornam-se incapazes de aproveitá-la, porque ficam o tempo todo pensando que a felicidade é passageira, vai acabar, já está acabando…
Em plena Lua cheia, quando a tentação de desânimo chegar, expulsemo-la sem mais, pensando: É verdade. Nem sempre será Lua cheia. Virá a Lua minguante. Mas de minguante, passará a crescente e, de novo, a cheia.
Quando as criaturas humanas nos convenceremos de que é ingratidão deixar que a esperança se apague dentro de nós?!…
Guardem o título de um livro de poemas*, que vale como um programa de vida:
FAZ ESCURO, MAS EU CANTO!
Sim, no meio da maior escuridão, em pleno voo cego, sem enxergar um palmo diante dos olhos, mesmo aí, mesmo assim, filhos da Redenção, cidadãos da Eternidade, temos que manter viva a esperança.
(* Dom Helder refere-se ao livro de poemas de Thiago de Mello)