\”Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. O ladrão vem só para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância\” (João 10,9-10).
Jesus nos diz que ele é a porta, a porta do aprisco, do cercado. Por que temos, então, a frequente tentação de sermos nós mesmos uma porta? Além da verdadeira porta, que é Cristo, queremos erguer também a nossa, pela qual será necessário, que passem nossas ideologias, nossas definições, nossas palavras!… Que pretensão! Basta-nos o Cristo! Basta-nos uma só porta, que é o próprio Cristo!
O Cristo nos diz, também, que ele tem outras ovelhas. Numa de suas parábolas, ele nos conta que deixa no aprisco as noventa e nove bem comportadas para sair em procura da centésima, que se deixou levar por seus caprichos ou, quem sabe, foi em busca de outro pastor….
Encontrar amiúde frustradas, enraivecidas, furiosas mesmo, aquelas noventa e nove que se julgaram abandonadas pelo seu pastor. Por que se deverá preocupar ele com a centésima, aquela que seguiu seus caprichos? Ela não teria que ser como as outras, bem comportadas e tranquilas?
Em verdade, somos como o irmão mais velho do filho pródigo. É muito comum o ciúme daqueles que permanecem fiéis, que jamais fazem escândalo, que jamais criam problemas para seus pais! Sim, podemos ser fiéis, leais, constantes, mas estamos repletos de orgulho… ‘Como?! Nosso pai prepara uma festa, um banquete para o miserável que desperdiçou a fortuna da família? É injusto!’ Como nos domina a tentação de conservar o pastor junto a nós, no aprisco, atrás de nossa porta…
(Do livro “O Evangelho com Dom Helder”)